28 de novembro de 2009

Jornalismo Esportivo, de Paulo Vinícius Coelho (Editora Contexto; 2003; 120 páginas; R$ 19,90)


Daniela Toledo

Ao pensar em jornalismo esportivo, automaticamente vem à mente o futebol. Afinal, esporte no Brasil é sinônimo de futebol. Talvez este seja o grande problema que os profissionais do ramo esportivo enfrentam. A limitação para escreverem sobre outros esportes brasileiros, salvo quando surge algum atleta em destaque. Esse é um dos principais enfoques dado pelo jornalista Paulo Vinícius Coelho em seu livro Jornalismo Esportivo.

Coelho iniciou sua carreira como jornalista esportivo em 1987 no jornal Gazeta do ABC, passou pelo Diário do Grande ABC (1990), estagiou na revista Ação em 1991, transitou pela revista Placar (1991 a 1997), foi um dos fundadores do diário esportivo Lance e atualmente é chefe de reportagem e comentarista na ESPN Brasil.

Jornalismo Esportivo é bem mais que uma aula. Para quem já está no ramo vale a pena repassar alguns pontos do livro, e para quem está começando é básico. Coelho percorre a história do esporte brasileiro indo ao início do século XX, alcançando a polêmica final da Copa do Mundo de 1998 e enfocando os altos e baixos dos veículos esportivos.

Segundo Coelho, dirigir uma redação esportiva no século passado era "tourear a realidade". Vencer o preconceito que alegava que somente quem tinha pouco poder aquisitivo e cultural poderia se tornar leitor desse tipo de diário. E o mais difícil era convencer os próprios colegas que o ramo esportivo também possuía - e possui - a necessidade de profissionais especializados. Que a paixão pelo esporte é insuficiente, apesar de fundamental para a ponta pé inicial.

Coelho relembra Nelson Rodrigues quando narrava os jogos de futebol com um toque de romantismo. Ele afirma que se não fosse a narração do escritor, provavelmente Pelé não teria se tornado um mito e diz que é exatamente isso que falta hoje para a história dos esportes. É preciso mais do que relatar a realidade de dentro dos campos ou das quadras, é preciso um toque de imaginação.

Paulo destaca a limitação enfrentada pelos jornalistas. Ele diz que "o mercado só permite a criação de jornalistas de futebol, de automobilismo, por vezes de tênis", isso resulta na inexistência de jornalistas de basquete, de vôlei - que atualmente é o campeão mundial -, de atletismo, de judô etc. A falta desses profissionais especializados explica o aparecimento de atletas como comentaristas.

O que falta nos diários esportivos é a consciência de que jornalismo esportivo também possui a necessidade de esforço, independência, imparcialidade e criatividade. Que não basta apenas freqüentar arquibancadas.

Ele mostra algumas tentativas fracassadas de veículos que achavam que falar de esportes era apenas "palpitar". Um exemplo disso foi a tentativa da revista Placar de elevar suas vendas criando a loteria esportiva, que por corrupção da própria diretoria e de alguns jogadores envolvidos faliu.

Como em qualquer outra área do jornalismo, o esportivo exige conhecimento e criatividade andando lado a lado, e também desprendimento e dedicação. Coelho encerra seu livro dizendo que é preciso "fazer do diário esportivo um exercício constante de criação. A única maneira de mostrar que o esporte é viável é mostrar que o jornalismo não é feito apenas de esporte".

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